Diálogo inter-religioso em vista de uma nova comunicação. Crédito: D. R. Agência Ecclesia |
Em seu pronunciamento, o Papa expressou recusa a dois "nãos": um, a "uma fraternidade cínica" no diálogo inter-religioso, onde cada líder, para assegurar um entendimento factível, "finge renunciar aquilo que lhe é mais caro"; outro, a um entendimento de fachada com as sociedades laicas, em nome do respeito ao dogma de um "pensamento único laico”, teoricamente neutro.
O Papa criticou as sociedades mais secularizadas e admoestou os próprios cristãos. No primeiro caso, alertou para o crescimento da intolerância religiosa. Para o papa, a religião tem sido vista como inútil e até mesmo perigosa, levando muitos a argumentar que os cristãos devem abandonar as suas convicções religiosas e morais no exercício de sua profissão. A ideia generalizada é a que apenas escondendo suas filiações religiosas podem as pessoas assegurar a coexistência, reunindo-se em uma espécie de espaço neutro, sem qualquer referência à transcendência. Já para os cristãos, a advertência é sobre a necessidade de reconhecerem a diversidade e “respeitar a crença dos outros”.
Utilizando o mesmo argumento para o difícil diálogo com as outras religiões como o Islã, o Papa retoma as concepções de Bento XVI sobre um diálogo baseado na verdade: "dialogar não significa abrir mão da identidade (...) e muito menos ceder a um compromisso sobre a fé e a moral cristã". No caso, "o diálogo inter-religioso e a evangelização não são mutuamente exclusivas, mas alimentam-se mutuamente", argumentou, enquanto outros líderes religiosos sentem a evangelização como uma agressão.
E acordo com o Prof. Ismar de Oliveira Soares, especialista no pensamento comunicativo da Igreja, a fala do Papa Francisco abre um debate sobre os princípios e devem reger as relações no interior da instituição, e, mais ainda, na relação da própria Igreja Católica com a sociedade e as as outras manifestações religiosas.
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