Já está
disponível no banco de teses da Universidade de São Paulo (USP), a pesquisa “Educomunicaçãoe políticas públicas: os desafios e as contribuições para o Programa mais educação”, defendida por Daniele Próspero – sócia-fundadora da
ABPEducom –, em setembro de 2013, com orientação do professor Dr. Ismar de Oliveira Soares.
A pesquisa teve como principal objetivo identificar de que forma a educomunicação se insere e se desenvolve num programa complexo de política pública, como o Programa Mais Educação, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), como parte das políticas públicas que visam melhorar a educação básica no país. Em 2013, o programa chegou a 47 mil escolas e a previsão é que, neste ano, atinja mais de 60 mil unidades de ensino pelo país.
As escolas participantes do Mais Educação recebem
recursos complementares para a implantação de uma jornada mínima escolar de sete
horas. As atividades que as escolas podem desenvolver junto aos alunos são
organizadas em áreas interdisciplinares de ação educativa, chamadas de
“macrocampos”, que reúnem mais de 60 opções.
O
programa, na época de sua implantação, contava com dez "macrocampos".
Entre eles está a área da "Comunicação e Uso de Mídias", que usa o
conceito da "Educomunicação" como referencial teórico e sustentação
metodológica para a realização de atividades de rádio, jornal, fotografia,
vídeo e histórias em quadrinho junto aos alunos. Em 2013, um total de 1.2
milhão de estudantes mantinha contato com o conceito e a prática
educomunicativa, em 1821 cidades, em todos os estados do país.
Diante deste cenário, tendo como base os
documentos do MEC, a pesquisa realizou um mapeamento das práticas do
macrocampo, ocorridas entre 2008 e 2011. Além disso, realizou entrevistas com
os gestores públicos das dez cidades brasileiras que contaram com o maior
número de atividades de comunicação em 2011 a fim de verificar de que forma a
política estava sendo desenvolvida nestes locais e, finalmente, aplicou um
questionário junto a uma amostragem de 67 escolas que desenvolvem estas
atividades.
O estudo mostrou que há no programa um
ambiente mais oportuno para que a comunicação seja assumida como componente do
processo pedagógico e não apenas como ferramenta à disposição de disciplinas.
A pesquisa constatou que a educomunicação
pode ser uma grande aliada da educação integral, pois traz a possibilidade de
se criar transversalidade entre as várias disciplinas curriculares, além de
aproximar a escola da comunidade onde se insere.
Das 92% escolas pesquisadas, foi
possível verificar melhoria no nível de aprendizagem dos estudantes que
participaram de atividades de comunicação, tanto nas áreas cognitivas
quanto nas não cognitivas. Segundo as escolas pesquisadas, atividades em
Educomunicação possibilitam maior participação em sala de aula, maior interesse
para o aprendizado, mais autonomia, mais responsabilidade, diminuição na
timidez, desenvolvimento da habilidade de escuta, vocabulário mais fluente,
entre outros.
No entanto, a complexidade de
implementação da política pública num país como o Brasil, com suas
especificidades regionais, assim como as orientações filosóficas e pedagógicas
dos diversos atores locais envolvidos, podem prejudicar os resultados finais de
desenvolvimento da prática educomunicativa no ambiente escolar.
A pesquisa verificou que, em cidades que
possuem algum tipo de política pública que incentiva a a produção de comunicação
em escolas, – como é o caso de Fortaleza (CE), por exemplo, onde as diretrizes
curriculares trazem a utilização do rádio como instrumento pedagógico -, foi
possível notar um número maior de escolas interessadas em utilizar as
práticas educomunicativas em seu currículo.
Outras pesquisas sobre Educomunicação podem ser acessadas na listagem de publicações que a ABPEducom está realizando no blog ViradaEducom.Pesquisas.
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