quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Educomunicação:O caminho das imagens como mobilização socioambiental

Educomunicação:O caminho das imagens como mobilização socioambiental - Por Sucena Shkrada Resk 29/10/2012

Como lidar de forma sustentável com os resíduos? Talvez esse seja um dos desafios impostos aos moradores da comunidade da Ilha das Peças, em Guaraqueçaba, no litoral norte paranaense, na baía de Paranaguá, simultaneamente à gestão do poder público e aos veranistas que visitam esse destino ecoturístico. 

No início deste ano, foi publicada uma matéria no Correio do Litoral e veiculada em outras mídias, que destacava que em janeiro deste ano, haviam sido retiradas de lá, cerca de 15 toneladas de lixo de domicílios e comércios. “Foram retirados... lixos remanescentes de pelo menos dois anos que estavam lá”, garantia o diretor do Águas Paraná, Everton Luiz da Costa Souza (veja a íntegra em http://www.correiodolitoral.com/territorio/4695-45-ton-de-lixo-acumulado-nas-ilhas-de-guaraquecaba). Nove meses depois, a coleta regular , a separação e a destinação ao continente (o que exige uma logística complexa) parecem ser ainda problemáticas e o estímulo à separação dos resíduos e à reciclagem também não é uma prática local.

Em setembro deste ano, a organização Instituto Chico Mendes veiculou um VT de mutirão que ocorreu na ilha ( http://www.youtube.com/watch?v=5l6Gfi-lsUo), em que se constatou mais de 2 km de lixo espalhados pela beira da praia e resultou em 60 sacos de lixo, com peso total próximo a meia tonelada de lixo (com PET, isopor, pedaços plásticos e redes de pesca) . 

Essas são algumas das constatações que também ocorrem por meio do Projeto Mídia-Educação nas Escolas das Ilhas de Guaraqueçaba, (Ilha das Peças, Ilha Rasa e Reserva Nacional de Superagui) - http://pibid-midiaeducacao.blogspot.com.brdesenvolvido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Litoral com as comunidades de escolas locais, onde vivem principalmente caiçaras e pescadores artesanais e suas famílias. 

A iniciativa revela o quanto é possível expandir ainda mais o poder da semiótica para o papel de mobilização social, nas ações que envolvem fotografia e vídeo, como também a linguagem escrita desses jovens e adultos. Essa foi a leitura que tive após ver a apresentação do painel Semiótica e fotografia: ocorrências sígnicas nas comunidades dessas ilhas, apresentado pelo professor Fábio de Carvalho Messa e pelos alunos da universidade, Paulo Ricardo de Carvalho do Rosário e Graciele Cardoso Lukasak, no dia 25, durante o IV Encontro Brasileiro de Educomunicação, em São Paulo.

Além das imagens paradisíacas dessa região paranaense e de seres queridos pelos adolescentes, como os cães fotografados por eles, o que me chamou a atenção foi o registro do acúmulo de lixo (orgânico e inorgânico misturados) em um galpão, feito pelos próprios alunos. Eu me senti contagiada pela insatisfação com esse quadro. Isso se estende aos estudantes da UFPR, que acompanham o projeto, como Rafael Dauer Mello, graduando do Curso de Licenciatura em Artes, que escreveu um artigo na página do blog do Mídia-Educação, com o título “O problema do lixo no ambiente da Ilha das Peças” .

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), No contexto socioambiental, o reconhecimento da Ilha das Peças e Superagüi como patrimônio natural e histórico, vem desde de 1970. Naquele ano, Superagüi foi inscrita sob o n° 27 no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico da Divisão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Paraná.

Uma das características da Baía do rio das Peças, Praia Deserta da Ilha das Peças e Vila das Peças é o fato de suas águas serem pontos de concentração de botos, principalmente mães com filhotes. (mais detalhes sobre o Parque em http://www.icmbio.gov.br/portal/o-que-fazemos/visitacao/ucs-abertas-a-visitacao/209-parque-nacional-do-superagui.html).

A preocupação com os resíduos em Superagui, já se tornou objeto do artigo “Superagui, Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade e o Lixo”, escrito por Simone Eloisa Villanueva de Castro Ramos e Margarete Fuckner, no Observatório do Turismo do Paraná, da UFPR (http://www.obsturpr.ufpr.br/artigos/plannat02.pdf ) .

Entre as recomendações, está a compostagem, além da reciclagem de materiais, por meio de programas de educação ambiental. Segundo as autoras, essas são ações de baixo custo que favorecem a diminuição dos impactos ambientais, além de proporcionar economia de energia e abrir a possibilidade de geração de empregos com negócios economicamente viáveis derivados da reciclagem. 

O tema da gestão dos resíduos também aflige muitas ilhas pelo Brasil (em menor ou maior proporção) e envolve a questão da saúde ambiental. Estudos e mobilizações podem ganhar maior corpo nas práticas educomunicativas expressas sob o contexto da conscientização dos moradores, turistas e órgãos que são responsáveis pela gestão. 

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